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Sequestrador de ônibus se entrega após manter 16 reféns por quase três horas

O sequestrador do ônibus da Viação Sampaio, na Rodoviária do Rio, se entregou depois de três horas de sequestro. O porta-voz da Polícia Militar confirmou a informação às 17h55. Todos os 16 reféns foram liberados. Houve troca de tiros e duas pessoas ficaram feridas após serem baleadas na tarde desta terça-feira.

Segundo o coronel da Polícia Militar, Marco Andrade, havia crianças e idosos na mira do homem, identificado como Paulo Sérgio de Lima e que estava com uma pistola. A princípio, de acordo com o secretário da PM Luiz Henrique Pires, o bandido era da Rocinha e estava indo para Minas Gerais.

Ele foi levado para a 4ª DP (Praça da República). O sequestro começou por volta das 15h. Um dos feridos foi socorrido para o Hospital municipal Souza Aguiar, onde está em estado grave. Todos os embarques e desembarques chegaram a ser suspensos.

Inicialmente, a polícia havia informado 17 pessoas reféns, mas com a libertação deles, foi constatado que eram 16. Paulo Sérgio de Lima já respondia pelo crime de roubo a passageiros de um ônibus da linha 110, enquanto passava pelo túnel Rebouças, em 2019. Ele foi beneficiado pela progressão de regime, passando para o semiaberto em 2022. Ele fugia da facção Comando Vermelho, à qual pertencia.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o Quartel Central foi acionado às 15h. Agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) iniciaram as negociações com o suspeito, que tem uma pistola e um celular. De acordo com o secretário de Segurança Victor Cesar dos Santos, o homem atirou em duas pessoas ao chegar na rodoviária e depois entrou no ônibus.

Todas as cortinas do ônibus estavam fechadas, segundo a polícia. O veículo pertence à Viação Sampaio, e seguia em direção à Juiz de Fora, em Minas Gerais. Segundo a empresa, 43 passagens foram vendidas: 37 lugares executivos, na parte superior, e seis lugares de leito, na parte de baixo. Um dos feridos é Bruno Lima da Costa, de 34 anos, profissional de nível técnico da Petrobras, que ia para Belo Horizonte. Ele foi atingido no tórax e passa por cirurgia. Outra pessoa foi atingida por estilhaços e atendida no local.

A assessoria da rodoviária informou, em nota, que houve uma ocorrência policial num ônibus, em uma plataforma do terminal. Dentro da rodoviária, o clima era de apreensão e pânico. Por volta das 15h30, a polícia evacuou as pessoas que ainda estavam no interior do terminal. Houve mais correria após passageiros ouvirem disparos pela segunda vez ao longo da tarde. Muitos se esconderam e se escoraram atrás de muretas. Com os bloqueios, as pessoas não conseguiram sair e se deslocar.

— A gente se abaixou no chão com muito medo, estava embarcando minha filha. Foi muita tensão, gente atropelando gente — Valdineia Santos de Sousa Corrêa.

Paulo Gabriel Ribeiro de Oliveira, de 42 anos, presenciou o momento do tiroteio quando chegou na rodoviária às 15h. As filhas do gerente de concessionária iriam embarcar para Jaguara do Sul, onde a família que decidiu fugir da violência do Rio de Janeiro vai morar.

— Somos de João de Meriti, decidi sair da cidade com a minha família justamente por causa disso. Aí hoje na ida deles ainda acontece isso tudo.

Sentada na própria mala, que improvisou como banco, Marlene da Silva, de 72 anos, aguarda do lado de fora do portão de embarque da rodoviária para saber se vai conseguir ir hoje ainda para Blumenau, em Santa Catarina, como programado.

ANI